25.3.06

Pijamão

No Observer Food Monthly, caderno que circula com um dos melhores jornais ingleses (sendo o outro melhor o mesmo, que é o Guardian, pertence ao mesmo grupo e nem sei bem porque são dois), o crpitico de vinhos Tim Atkin conta o que bebe em casa, que é sempre diferente dos Margaux e Lafite das degustações, bem instrutivo e pode ser lido aqui:
http://observer.guardian.co.uk/foodmonthly/story/0,,1736835,00.html

Borbulhas e dinheiro

O Finatial Times de hoje publica uma matéria engraçada, sobre 10 maneiras de ficar rico, ligeiramente off topic aqui no Glupt, mas o item 5 tem a ver, vinho como investimento, uma idéia antiga (vide leilões da Christie's sobe o incrível Michael Broadbent) que tem a vantagem de que se der errado vc bebe o erro, no caso de ações o máximo que se pode fazer é rasgar com ódio a papelada, e ainda tem que comprar algo para beber para compensar:

5) MILLENNIUM CHAMPAGNE - Louis Roederer Cristal


What is it?


Bottle number 1,333 of a Methuselah of Louis Roederer Cristal 1990 champagne made to commemorate the millennium. Only 2,000 six-litre bottles were produced. Orders were taken in the mid-1990s for delivery in 1999.


What was it worth 10 years ago?


About £1,100.


What's it worth now?


£8,360, the highest price paid for a single bottle of champagne sold at auction.


Why has it taken off?


Richard Harvey, wine master at Bonhams' auction house, says: "You ordered the bottles in 1995 with the intention being that the champagne would be a perfect bottle to crack open in the millennium. Obviously some people did open it and some people didn't. Cristal is one of the great champagnes and because big bottles are rare it was one of the millennium investments that paid off."


Where's the market heading?


For a comeback. You can still find a few Methuselahs of Cristal 1990 millennium champagne. They're getting scarcer, so prices will rise.


And think back to before the 1990s. Buyers are lapping up vintage champagnes dating back to the 1950s. Consumed predominately by the British until recently, old champagne is now in demand across the world for its unique flavour. A bottle of Krug Clos du Mesnil 1979 sold last year for £462. Top names such as Dom Perignon and Louis Roederer Cristal from the 1960s and 1970s have been selling for nearly £200 a bottle.


For non-champagne drinkers, any first-growth Bordeaux wines are blue-chip investments: 1982 and 1996 were notable vintages A case of 1982 Chateau Mouton-Rothschild sold last year for more than £5,000 - five times its 1990 auction price. Looking ahead, 2005 was a good year, so get in early.

Consideração

Encaixotando coisas sem fim, pensei: existe coisa mais inútil que um pires?

22.3.06

Escolástico

Hoje no NY Times, Eric Asimov escreve longo artigo sobre Robert PArker. Como eu ontem tive um estalo que toda a influência do RP vem ainda da questão dos universais, que deu cada briga feia na filosofia da Idade Média, achei uma coincidencia certas coisas que ele escreve. Meu artigo vai sair no Trópico, sobre RP e o problema da Escolástica (nada como uma propaganda subliminar, leiam meu artigo, se e quando, for publicado). Mas de volta ao fluxo, o artigo está aqui, o dele (ai que confusão, é a mudança, ninguém tem um raciocínio linear cercado de caixas):
http://www.nytimes.com/2006/03/22/dining/22pour.html?_r=1&oref=slogin

21.3.06

We are moving


Este blog está de mudança, não o blog, que continua neste mesmo endereço virtual, mas o blogeiro. Assim estaremos sem posts por uns dias, dependendo do bom humor da Telefonica e assemelhados, quando então voltaremos com muito mais de vinhos e coisas do vinho. Enquanto isto uma foto de alguns dos melhores vinhos bebidos neste endereço. Remelluri Blanco, Duhart Milon, Flor de Pingus Barceló edition, Lafite, Penfolds Grange, Clos de la Bergerie. Foi bom beber aqui, vai ser melhor beber lá. Até.

13.3.06

Clos de la Bergerie 2001

A principio, quando se abre a garrafa e se serve a primeira taça parece um vinho que passou. "Uhn...este já era, amarelo deste jeito e com este nariz meio botritizado e de chenin blanc ainda por cima...35 euros jogados fora". O nariz é uma delícia, cheio de convites voluptuosos (primeira e última vez em que usarei esta palavra neste blog, juro) mas não promete em termos de um vinho branco do Loire, se ainda fosse um Sauternes ou algo do tipo, mas de um Loire se espera aquela brancura adstringente, ou uma doçura monossilábica. Montes de cheiro de palha molhada, de coisas torrefadas, de mel, mas nada de frescor e alegria. Então um gole: é seco! Surpreendentemente seco, como se fôsse um Tokaj sem o açúcar residual. E depois o negócio vai ficando sério, o vinho é uma explosão de sentimentos, acidez deliciosa, juventude de um adolescente, matizes de um "dos grandes", destes que cada cheirada e cada provada te levam para outros patamares. O homem é mesmo um monstro, Nicolas Joly, e este é só o seu segundo vinho, nem mesmo é o Coulée de Serrant. De tomar de joelhos, mas é muito desconfortável, bebamos de joelhos psicológicos. E traduzir com graça o seu nome aumenta o gosto: Cercadinho das Ovelhas...

9.3.06

Silly things (ou chicletes de sabores exóticos)

Momento Romanov

Eu não nutro especial simpatia pela ex-família real russa, mas não sei bem porque, faz muitos anos, criei a teoria dos Romanov. É assim, quando estas famílias perdem tudo e são obrigadas a fugir, às pressas e aos trambolhões, sempre sobra uma coisinha preciosa, uma latinha de caviar que seja. Então sempre que tenho que fazer algo de que não gosto, como longas viagens desconfortáveis de ônibus, levo nem que seja uma garrafinha de vinho, um chocolate especial, um conforto. Uma amiga de uma amiga, cujo nome infelizmente não sei, quando ficava dura de doer, contando as moedas, dizia: "sempre se pode comprar um chicletes de sabor exótico". A vida tem estas compensações, senão ninguém sobreviveria a ciclones e guerras.

5.3.06

O Bordeaux de ontem

Jantar no Fasano

Foi estupenda a experiência. Vou falar dos vinhos primeiro, fomos esquentando os tamborins com unas copitas de jerez fino, depois passamos para a mesa e o sommelier sugeriu um vinho do sul da França, um Costieres de Nimes, cujo nome ainda vou providenciar saber, mas que era feito de Grenache Blanc, ou seja, um vinho daquela coisa chamada Catalunha, só que do lado de lá da fronteira, muito fresco, austero no nariz, mas com uma gulosidade bem atraente. Depois veio um Cono Sur Riesling, um riesling chileno, excelente surpresa, pelo preço e pela qualidade, para comprar e ter em casa, é baratinho, 38 reais na importadora dos Fasano. Então passamos aos séris Chateau Duhart-Milon 86, vinte anos dormindo esperando por goelas sedentas, Como acontece com vinhos e é sempre educativo, das 3 garrafas a primeira estava inacreditável, bem madura, gostosa, animada, mas pronta para beber. A segunda estava desmaiada e parecia descendo a serra e foi um ato de misericórida acabar com ela antes que morresse e a terceira matamos cedo demais, podia esperar mais uns 4 anos no minimo, parecia engarrafada recente. Vinho não é ciência nuclear, ainda bem. Uns cálices de Madeira Blandy's e um conhaque encerraram a noitada.

2.3.06

Um Chinon, e um Tannat

O Pisano 1a Viña, por exemplo



Um Chinon, Charles Joguet

Sendo inteligente para variar

Bordeaux Grand Cru


A brincadeira, na verdade é um jogo, é definir os estilos de vinhos, uvas, regiões, através de imagens, mas não retratos dos vinhedos. Assim a imponencia e complexidade vetusta de um Cru de Bordeaux, com duas decadas ou mais nas costas, faz pensar num salão de espelhos bem do grande século. Enquanto que a simplicidade, sinceridade e limpeza de propósitos de um bom Tannat uruguaio imediatamente se conecta com um pintor como Duccio, ou Ucello, ou até Giotto, aquela angulosidade de taninos que fazem parte do contexto, aquela perspectiva tal qual se pode ver. Um cabernet franc do Chinon, um Carpaccio, o pintor não a carne...fiz várias mas vou postar só 3 por enquanto, esperando sugestões. E olha que eu não bebi!

1.3.06

Desculpem

Hoje me aconteceu uma coisa tão definidora da vida de um crítico de gastronomia e enófilo, um hedonista alimentado à base de trufas brancas ou negras, conforme a estação, que preciso contar aqui, embora transcenda este umbral da intimidade que mesmo os blogs respeitam. Tive fome ao meio-dia, venho batucando o teclado desde o nascer do sol. Abri a geladeira, pensei, vou fazer uma sopa, peguei uma panela com arroz de ontem e abri a torneira em cima, coloquei um pouco de sal e deixei fervendo. Depois coloquei um fio de azeite, este sim, trufado. Mas foi trash demais, e eu precisava contar, ou agora, ou no leito de morte, preferi agora.