13.3.06

Clos de la Bergerie 2001

A principio, quando se abre a garrafa e se serve a primeira taça parece um vinho que passou. "Uhn...este já era, amarelo deste jeito e com este nariz meio botritizado e de chenin blanc ainda por cima...35 euros jogados fora". O nariz é uma delícia, cheio de convites voluptuosos (primeira e última vez em que usarei esta palavra neste blog, juro) mas não promete em termos de um vinho branco do Loire, se ainda fosse um Sauternes ou algo do tipo, mas de um Loire se espera aquela brancura adstringente, ou uma doçura monossilábica. Montes de cheiro de palha molhada, de coisas torrefadas, de mel, mas nada de frescor e alegria. Então um gole: é seco! Surpreendentemente seco, como se fôsse um Tokaj sem o açúcar residual. E depois o negócio vai ficando sério, o vinho é uma explosão de sentimentos, acidez deliciosa, juventude de um adolescente, matizes de um "dos grandes", destes que cada cheirada e cada provada te levam para outros patamares. O homem é mesmo um monstro, Nicolas Joly, e este é só o seu segundo vinho, nem mesmo é o Coulée de Serrant. De tomar de joelhos, mas é muito desconfortável, bebamos de joelhos psicológicos. E traduzir com graça o seu nome aumenta o gosto: Cercadinho das Ovelhas...